Enquanto os holofotes estão ligados sob as 12 cidades brasileiras que receberão a Copa do Mundo de 2014, quatro municípios de São Paulo correm contra o tempo para cumprir exigências tão ou mais rigorosas do que as feitas pela Fifa, para ter o Campeonato Mundial Feminino de Handebol, que ocorre entre os dias 2 e 18. São Bernardo, São Paulo (Ibirapuera), Santos e Barueri aceitaram o desafio de sediar a primeira disputa mundial da modalidade nas Américas e para isso tiveram que adequar suas praças esportivas.
São Bernardo, que sedia o maior evento esportivo da história da cidade, precisou fazer adaptações na quadra do Ginásio Poliesportivo, além de instalar novos chuveiros e fazer obras nos vestiários. O Ibirapuera, na Capital, porém, será a sede com intervenção mais intensa. Para obedecer o tamanho oficial exigido pela IHF (sigla em inglês da Federação Internacional de Handebol) a quadra precisou ser elevada em 1,6 m. A Arena Santos, no Litoral e o Ginásio José Corrêa, em Barueri, passaram por reformas mais modestas.
As obras no Poliesportivo de São Bernardo serão em duas etapas. Na primeira, a Prefeitura ficou encarregada de aumentar o espaço entre a quadra e a arquibancada, dobrar o número de chuveiros nos vestiários - de quatro para oito - e construir algumas paredes separando áreas secas e molhadas. O custo foi dissolvido no orçamento da Secretaria de Esportes. "Usamos nosso pessoal para a mão-de-obra e os materiais que já tínhamos. Por isso não dá para contabilizar quanto custou às intervenções", comentou o secretário José Luiz Ferrarezi.
Na segunda fase da reforma, de responsabilidade da Confederação Brasileira de Handebol, será mudado o sistema de refletores, instalado piso emborrachado, entre outros equipamentos. "Fizemos nossa parte, agora estamos esperando que a CBHb faça a dela. Será preciso ainda instalar geradores, área mista para a passagem dos jogadores e toda a parte de tecnologia da informação para atender a necessidade da imprensa mundial que irá cobrir a competição", ressaltou Ferrarezi.
Só em São Bernardo, são esperados pelo menos 120 profissionais da imprensa, a maioria dos países nórdicos onde o handebol é o primeiro esporte na preferência popular.
Além disso, a competição terá transmissão em alta definição ao vivo para todos os países europeus e outros espalhados pelo mundo.
Gringos prometem invadir as sedes da competição
Nos próximos dias será até comum encontrar dinamarqueses ou suecos circulando pelas ruas de São Bernardo - os dois países estão no Grupo D, com sede na cidade do Grande ABC, que ainda terá Croácia, Argentina, Costa do Marfim e Uruguai. Europeus, em geral, devem desembarcar em peso para acompanhar de perto os jogos do Mundial. Quem garante é Fabiano Redondo, diretor executivo do Comitê Organizador e responsável pela promoção do evento dentro de fora do Brasil.
"Sabemos que devem vir para o Brasil cerca de 1.000 noruegueses (que ficarão em Santos). Dinamarca deve atrair de 300 a 400 torcedores e Suécia também trará bastante fãs, mas ainda não temos os números", revelou o dirigente.
Além do handebol, o que atraí os europeus é forte calor brasileiro, que foi decisivo na escolha do País para sediar a competição. Essa será apenas a terceira vez em 20 edições que o Mundial não é disputado no velho continente - a Coreia do Sul foi sede em 1990 e a China foi à última anfitriã, em 2009. "Os europeus vão deixar o inverno e virão para o verão. É isso que eles querem. Por isso esperamos número gigantesco de turistas", comentou Redondo.
Os brasileiros também são aguardados nos ginásios. Para promover a competição, estão sendo realizadas ações de marketing nas quatro sedes. "Nosso foco principal são as escolas. Além disso, contamos com a divulgação das cidades que receberão os jogos", explicou Redondo. "Em São Bernardo esperamos que pelo menos 60% dos lugares disponíveis estejam ocupados (o ginásio tem capacidade para receber 7.200 torcedores)."
Competição recebe voluntários de todas as partes do País
Cerca de 700 voluntários serão utilizados durante a disputa do Mundial de Handebol. São pessoas comuns que se inscreveram com o objetivo de auxiliar na organização da competição nos setores da imprensa, credenciamento, estatística, transporte e logística. No total, foram recebidas 860 candidaturas que agora serão avaliadas. A relação final com o nome dos escolhidos será divulgada nos próximos dias.
Entre os candidatos, estão brasileiros de vários Estados. Como o trabalho é voluntário, todos terão de arcar com custos de hotel e viagem. "Não podemos oferecer nenhum tipo de remuneração. Sei que temos voluntários do Nordeste e de outras regiões, mas eles se inscreveram sabendo das condições. Não conheço competições que dão algum tipo de ajuda de custo aos voluntários", comentou a responsável pela área do Comitê Organizador, Líbia Lender.
Os selecionados passarão por treinamento na sede escolhida para trabalhar. Terão prioridade os candidatos que falam inglês fluente, além de outras línguas.
Exigências da IHF surpreendem arquiteto
Apesar de não ser uma modalidade tão difundida no Brasil, o handebol é muito valorizado na Europa. Por conta disso, a Federação Internacional fez uma série de exigências para que o Brasil pudesse receber os jogos. A lista de recomendações surpreendeu até o experiente arquiteto Celso Grion, acostumado a adaptar estádios brasileiros às determinações da Fifa.
Entre as solicitações mais complicadas, está a relacionada com iluminação. Os refletores não podem estar inclinados e a luz precisa ser perfeita. "Em São Bernardo, por exemplo, teremos de fazer novo sistema de iluminação. Como os jogos serão transmitidos em alta definição, a luz precisa ser boa e uniforme em todos os lados da quadra", comentou Grion, que foi nomeado diretor para instalações técnicas (technical facilities) do Comitê Organizador.
Mesmo com a extensa lista de recomendações, as quatro sedes conseguiram se adequar. "Apesar de serem rigorosos, acho que isso é importante para nós brasileiros, aprendermos como funcionam as coisas lá fora. Vamos receber uma Olimpíada e o Mundial de Handebol será um grande teste, por isso temos de fazer tudo direitinho", comenta Grion. "E tudo isso ficará de legado para as cidades sedes", lembrou.
S.Bernardo e Santo André decidem o título paulista
Metodista/São Bernardo e Santo andré vão decidir o título do Campeonato Paulista Feminino de Handebol. O jogo final será realizado hoje, ás 17h, no Ginásio do Baetão, em São Bernardo, com entrada gratuita.
As semifinais foram disputadas ontem. O Santo André superou Americana por 23 a 18, enquanto a Metodista fez 28 a 15 em São José dos Campos.
"Fizemos um primeiro tempo apertado. Sa segunda etrapa, entretanto, conseguimos abrir vantagem de seis gols e chegamos à vitória", afirmou o técnico de Santo André, Rubens Piazza.
O treinador da Metodista destacou o equilíbrio entre as equipes. "O título será para colher o trabalho de todo o ano. É uma rivalidade eterna, e jogos assim só se decidem nos detalhes, não há outro segredo", afirmou Edu Carlone.